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Essa foi a provocação da Lika (@likaqbrito) em um curso, não é comum olhar para quem somos incluindo o corpo, por mais que sejamos corpo. Essa pergunta e o exercício proposto me fizeram inicialmente olhar para trás, para o corpo que eu era há alguns anos, quando da obesidade severa. Um corpo grande, forte, ao mesmo tempo um corpo com camadas densas que escondiam fragilidades, medos e sentimentos desconfortáveis.

Depois segui na percepção do corpo de hoje, identificando aspectos que são particulares, cílios grandes, sinais por todo o corpo, inclusive aqueles que me identificam com minhas raízes familiares. Cabelo cacheado, que sempre gostei, mas em uma época de maior rigidez, utilizava ele frequentemente preso, com os cachos “controlados”. Eu queria controlar muitas coisas e como corpo também expressava dessa forma.

Ao longo da vida, e dos processos terapêuticos, fui aprendendo que posso continuar sendo forte, com um corpo mais leve, que as fragilidades podem ser reveladas para as pessoas certas, em momentos adequados. E que eu posso seguir apesar dos meus medos, fluir com eles e não ficar enrijecida nos movimentos.

Olhar para meu corpo (eu) atualizado é bom, sentir que posso ser mais livre, para fluir, para amar e ser amada, para trabalhar, para me movimentar, para ser.

Hoje visto melhor a minha pele, aceitando os pontos que contam minhas histórias. Sigo desejando que outras mulheres possam vestir-se de si mesmas com mais propriedade e aceitação.

Acredito que, quando uma de nós aprende a viver bem no próprio corpo, mesmo indiretamente, está contribuindo para que outras também possam fazer o mesmo. Sem idealizações românticas, mas honrando-o. Cada uma sabe da própria história e veste a própria pele.

Eis um convite para que cada uma possa habitar-se: o que é singular no corpo que te identifica? Sinais, gestos, características, dentre outros?